quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Sobre as palavras


Andei perdendo palavras por aí. Talvez por falar em excesso elas me faltem agora. As que saíram aos gritos duvido que voltem. Escaparam e deixaram vítimas durante a fuga. Uma pena. Mas em esforço de guerra dizem que perdas são justificáveis. Nunca acreditei muito nisso. Andei perdendo palavras por aí. Talvez por ficar em silêncio elas me sobrem agora. E por serem excesso ocuparam o espaço antes reservado ao agrupamento ordenado delas. O crescimento desordenado de palavras é mais perigoso. Jamais pensei na possibilidade de um motim de palavras. Andei perdendo palavras por aí. Das soltas e guardadas. Algumas entraram por um ouvido e saíram pelo outro. Outras entupiram narinas e muitas desceram pelos olhos. Ainda ontem me olhei no espelho e vi que engordei. Ando comendo palavras saturadas. Um perigo. Preciso perder peso, perder palavras para reencontrá-las. (Parece comigo, parecem minhas palavras)



Por Sérgio Fonseca

domingo, 2 de agosto de 2009

Viés

Um verbo a conjugar: Eu não quero você!

Me explicava que verbos podem designar ação, estado ou fenômeno da natureza. Eu que inistia em não saber. Queria permanecer assim: inculta e analfabeta das paixões volúpias.
Certa vez empreguei erradamente o meu adeus, soou como se fosse até logo (se bem que era mesmo) e assim trangredi o vocabulário que me era tão claro e simples, dizendo o que estava em minha pele e não em minha mente.

Então desconfioou. E então me sorriu sutilmente como se entedesse a cena por completo. A cena teatral de uma peça onde se sabia a voz e o sentimento de todos as personagens.
Podia ser?
Pela manhã eu não duvidei.


bem assim